D A7
Que negra sina ver-me assim
D
Que sorte vil, degradante
A7
Ai que saudade eu sinto em mim
D
Do meu viver de estudante
G
Nesse fugaz tempo de amor
D
Que d'um rapaz é o melhor
A7 D
Era um audaz conquistador das raparigas
G
De capa ao ar cabeça ao léu
D
Só para amar vivia eu
A7 D
Sem me ralar e tudo mais eram cantigas
Nenhuma delas me prendeu
Deixá-las eu era canja
Até ao dia em que apareceu
Essa traidora de franja
Sempre a tinir sem um tostão
Batina a abrir por um rasgão
Botas a rir, um bengalão e ar descarado
A vadiar com outros mais
Ia dançar para os arraias
P'ra namorar, beber, folgar, cantar o fado
Recordo agora com saudade
Os calhamaços que eu lia
Os professores da faculdade
E a mesa de anatomia
Evoco em mim recordações
Que não têm fim dessas lições
Frente ao jardim do velho Campo de Santana
Aulas que eu dava e se eu estudasse
Onde ainda estava nessa classe
E a que eu faltava sete dias por semana...
O fado é toda a minha fé
Embala encanta e inebria
Pois chega a ser bonito até
Na rádio-telefonia
Quando é tocado com calor
Bem atirado e a rigor
É belo o fado, ninguém há que lhe resista
É a canção mais popular
Tem emoção, faz-nos vibrar
E eis a razão de eu ser doutor e ser fadista.